Autômatos de Pilha

Os autômatos de pilha são semelhantes aos autômatos finitos, porém, contam com um componente extra que provê memória: a pilha. Essa pilha é infinita e seu uso é motivado pela forma simples de armazenamento, não envolvendo endereçamento do conteúdo. Assim, o grande diferencial dos autômatos de pilha é a capacidade de armazenar símbolos nessa pilha à medida que realizam transições.

De maneira análoga aos autômatos finitos, existem autômatos de pilha determinísticos e não-determinísticos, porém, esses dois tipos não possuem as mesmas capacidades e tem objetivos distintos.

A definição formal de um autômato de pilha (AP) é uma 6-tupla <Q, Σ, Γ, δ, q0, F>, tal que:

  • Q é o conjunto de estados.
  • Σ é o alfabeto da entrada.
  • Γ é o alfabeto da pilha.
  • δ: Q × Σ × Γε → P(Q × Γε) é a função de transição do autômato.
  • q0 ∈ Q é o estado inicial do autômato.
  • F ∈ Q é o conjunto de estados finais do autômato.

No diagrama de estados, utiliza-se a notação a, b → c para as transições, indicando que o autômato lê um símbolo a da entrada e substitui o símbolo b do topo da pilha por um símbolo c. A seguir, algumas notações importantes:

  • Se a = λ (ou ε), tem-se que a transição é realizada sem consumir símbolos da entrada.
  • Se b = λ (ou ε), tem-se que o símbolo c é empilhado sem remover o topo da pilha.
  • Se c = λ (ou ε), tem-se que o símbolo do topo da pilha é desempilhado sem ser substituído.
  • O símbolo $ é um marcador do início da pilha, de modo que se b = $ na última transição, a pilha estará vazia.

Linguagens Livres de Contexto

Os autômatos de pilha são capazes de reconhecer algumas linguagens não-regulares e equivalem às gramáticas livres de contexto (GLC). Além disso, dada uma linguagem livre de contexto (LLC), obrigatoriamente há um autômato de pilha que a reconheça. Assim, uma forma prática de provar que uma linguagem é livre de contexto é construir o autômato de pilha que a reconheça.

Para criar um autômato de pilha que reconheça uma gramática livre de contexto, se começa adicionando o símbolo $ e a variável inicial à pilha. A seguir, inicia-se o seguinte loop:

  • Se o topo da pilha for uma variável, uma de suas regras é selecionada não-deterministicamente para substituí-la.
  • Se o topo da pilha é um terminal e coincide com o símbolo atual da entrada, ele é desempilhado.
  • Se o topo da pilha é o $, o estado de aceitação foi alcançado.

Nesse contexto, caso mais de um ramo não-determinístico alcance a aceitação, diz-se que há ambiguidade. Porém, é importante compreender que existem linguagens que só podem ser geradas por gramáticas ambíguas.

Assim como os autômatos de pilha reconhecem as linguagens livres de contexto, os autômatos de pilha determinísticos (APD) reconhecem as linguagens livres de contexto determinísticas (LLCD). Eles podem ser identificados pela existência de uma única transição válida a cada instante do processamento. Ainda, o determinismo garante a não-ambiguidade.

A nível de comparação, as linguagens sensíveis ao contexto (LSC) são aquelas em que pode haver mais de um símbolo à esquerda de cada regra, de modo que certas substituição estão habilitadas apenas em certos contextos.

Lema do Bombeamento para LLCs

Se uma linguagem A é livre de contexto, existe um número p e uma cadeia s tal que qualquer palavra dessa linguagem que seja maior que p possuirá uma árvore sintática com repetição, ou seja, é possível gerar variações dessa palavra que pertencem à linguagem. Assim, é possível dividir a cadeia em cinco pedaços s = uvxyz, tal que:

  • Para i ≥ 0, u (v^i) x (y^i) z ∈ A
  • |vy| > 0
  • |vxy| ≤ p

O lema do bombeamento é geralmente utilizado para provar que uma linguagem não é livre de contexto através de suas implicações sobre a ordem e o balanceamento dos símbolos.

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